O consumo do açúcar em excesso é realmente um problema urgente a resolver na atualidade em que vivemos.
Quem é que, na sua casa não come muito açúcar? De manhã,
despacham-se as crianças com um prato de cereais, daqueles especiais para elas.
Na lancheira, vão mais umas bolachas e uma dose de gelatina. Aquela casa onde não se consome açúcar, não existe na realidade. Trata-se de um
espelho da realidade do que se passa nas casas da maioria das famílias. A relação que os
portugueses mantêm com o açúcar, aquele "pó" branco doce e irresistível que se
esconde nos cereais, nas bolachas ou na gelatina, é realmente muito dependente.
A verdade é que a maioria das pessoas nem se dá conta da quantidade que ingere diariamente e naturalmente. Além do que é adicionado de livre e espontânea vontade ao
café, ao leite ou ao chá, há também aquele que é adicionado de outra forma, oculto, que a indústria insiste em
adicionar à maioria dos alimentos, e que ajuda a fazer de Portugal um grande consumidor.
Para
uma dieta de 2 mil calorias, a Organização Mundial de Saúde recomenda uma absorção máxima de 50 gramas de açúcar por dia (quatro colheres de sopa), mas a dura realidade é que a dose consumida, atinge em média os 96 gramas, o que é praticamente o dobro.
O problema real não se resume a "crescer para os lados".
O açúcar, ao chegar em grandes quantidades ao fígado, é
convertido em gordura, causando mais tarde uma constelação de problemas de
saúde associados, conhecidos como síndrome metabólica (obesidade, hipertensão,
hiperglicémia, alteração dos valores dos triglicéridos e colesterol). De acordo
com um estudo publicado no Journal of the Heart Association, os adolescentes
que ingerem grandes quantidades de açúcares de adição apresentam piores perfis
lipídicos (níveis mais baixos do bom colesterol e mais altos do mau e dos
triglicéridos).
Se o açúcar adicionado afecta o metabolismo de forma
tão hostil, o mais indicado seria mesmo abdicar dele, no dia-a-dia. Não há necessidade de ingerir este tipo de hidrato de carbono vazio (sem nutrientes). Dos vários tipos de
açúcar disponíveis, o mascavado é o único que tem uns insignificantes 5% a
menos de sacarose e vestígios de minerais. Mas a verdade é que dispomos
de outras fontes de energia mais completas, como por exemplo os amidos,
presentes na batata, na massa ou no pão, que provavelmente terão outros factores prejudiciais à saúde não relacionados com o açúcar.
Só que, em Portugal, os números vão no sentido oposto: o
consumo médio anual por habitante chega aos 36 quilos. Há apenas cinco anos,
ficava-se pelos 33. Mesmo assim, os portugueses estão abaixo da média europeia
(45 a 50 quilos).
Eliminar a apetência pelo doce de um dia para o outro
é uma tarefa realmente difícil, pois há uma dependência muito forte da nossa parte. Não há uma resposta clara e concreta para a questão se os adoçantes seriam uma melhor alternativa, pois as opiniões dividem-se e, os estudos não ajudam em nenhuma conclusão:
Para
Nuno Borges, enquanto não houver evidência científica de que os
adoçantes são tóxicos (e não há), surgem como a opção mais saudável, porque com
eles desaparece a agressão hepática que ocorre devido às grandes quantidades de
açúcar.
Para a dietista Patrícia Almeida Nunes, os indivíduos saudáveis
podem consumir sacarose q.b., pois é a forma mais natural de comer alimentos
doces. Aliás, a pirâmide alimentar adoptada nos EUA admite óleos, gorduras
e doces na sua fatia mais pequenina.
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